Embora a Commedia dell’Arte (séculos XVI ao XVIII) tenha se originado na Itália quase no final da Idade Média são os homens e mulheres do medievo que inspiravam e serviram de referências aos seus atores.
Por ser um gênero teatral com aspectos profissionais, com forte característica de tradição familiar, e por valorizar na sua estética um rigoroso trabalho corporal, da máscara e do improviso tornou-se referência para vários teatrólogos modernos, entre eles Meyerhold, e mesmo não existindo mais nos moldes tradicionais não é difícil encontrar nas produções contemporâneas referências da sua estética.
O pesquisador Marcílio de Souza Vieira[1] em sua dissertação de mestrado cita que “o corpo do medievo era o corpo grotesco, do horrível, do disforme. Era um corpo que não tinha lugar dentro da estética do belo apolíneo...
Dentro desta concepção corporal as máscaras usadas pelos atores carregavam importantes significações e finalidades: provocar a imediata identificação dos personagens pelo público; possibilitar que atores distintos representassem o mesmo personagem e representar os tipos não pertencentes à nobreza, como também os cavaleiros e as damas, personagens estes nunca representados por máscaras.
Segundo o teatrólogo Dario Fo[2], as máscaras da Commedia dell’Arte são zoomórficas, aludindo especialmente aos animais de quintal e domesticados. Sendo que estas características animalescas estão presentes no Arlecchin (macaco e gato), no Capitano (mastim e perdigueiro), no Pantalone (peru e galo), no Brighella (metade cão e metade gato e Dottore (porco). Outro aspecto da máscara é a polissemia: “concebida para adotar todas as expressões possíveis, ficando o ator encarregado de dominar a arte da representação com máscara”. (VIEIRA, p. 58)
Dentre as principais máscaras podemos citar o Pantaleone, Policchinella, Doutore e Arlequino, sendo, no geral, os personagens da Commedia dell’Arte divididos em três categorias: os zanni de classe social mais baixa (servos); os vecchi que representam os de classe social mais abastada e os enamorados.
Pantaleone era um personagem altivo que satirizava a burguesia da época. A sua máscara (nariz longo, fálico e curvo, olhos pequenos) e o seu vestuário possuíam características definidas de tipos da sociedade italiana, fosse através da indumentária, fosse pelos gestos e impostação da fala ao representar o dialeto de certa localidade.
Policchinella era o mais baixo na escala social dos zannis, era o mais deficiente, o mais estúpido e o mais faminto criado. Seus movimentos eram exagerados e sua cabeça parecia não acompanhar os movimentos do seu corpo. Dormia a toda hora e podia fazer isso em pé, apoiando em um dos pés e cruzando o outro sobre o joelho. (VIEIRA, p. 105).
Já o Doutore era visto como o homem intelectual, mas geralmente essa impressão é falsa. Ele é o mais velho e rico dos vecchi. Geralmente, interpretado como um pedante, avarento e sem o menor sucesso com as mulheres. Usa uma toga preta com gola branca, capuz preto apertado sob um chapéu preto com as abas largas viradas para cima.[3]
Enquanto Arlequino era um palhaço, acrobata, amoral e glutão. É facilmente reconhecível pela roupa branca e preta com estampa em forma de diamantes. Sua máscara possui uma testa baixa com uma verruga. Algumas vezes, usa um lenço negro sob o queixo e amarrado no alto da cabeça. Geralmente, Arlequino é o servo do Pantaleone, às vezes do Doutore.[4]
Os enamorados e as enamoradas eram jovens amantes, virtuosos e perdidamente apaixonados um pelo outro. Eles usam os trajes mais belos e de acordo com o período e a moda vigente e nunca usam máscara. Geralmente, cantam, dançam ou recitam poemas.[5]
Fontes das Imagens:
Doutore, Arlequino, Pantaleone:
Enamorada:
[1] in VIEIRA, Marcílio de Souza. A estética da Commedia dell’Arte: contribuições para o ensino das artes cênicas. Natal, 2005.
[2] FO, Dario. Manual Mínimo do Ator. 2ª Edição. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 1999.
[3] Disponível em http://escoladeteatrocatarse.wordpress.com Acesso 12/09/2010, 23h05
[4] Idem
[5] Idem
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